Um dos grandes cuidados necessários à atividade policial se refere ao trato com material bélico, instrumentos capazes de lesionar gravemente e mesmo matar pessoas. Além da técnica, capacidade física e psicológica necessária ao uso, é preciso cuidar para que as armas de fogo, por exemplo, não cheguem a mãos erradas, por culpa ou dolo daquele que está responsável por determinado armamento. Não são poucos os casos em que armas das polícias chegam à posse de criminosos, ou mesmo de filhos de policiais pouco cautelosos. No horizonte de controle e prevenção destes problemas, uma solução criativa, barata e brasileira está se apresentando.
Imaginem que fosse possível que uma arma de fogo disparasse apenas quando manuseada por determinado policial, através de um mecanismo de identificação 100% seguro, tal qual os leitores biométricos que já existem em alguns procedimentos cotidianos. Não é ficção científica: um físico brasileiro desenvolveu um sistema através do qual as armas de fogo só disparam ao detectar um chip implantado na mão do atirador (responsável pela arma de fogo):
Desenvolvido na Universidade de São Paulo (USP), o chip que só permite ao dono disparar o armamento será implantado no corpo de um policial civil mineiro. Os testes serão feitos por iniciativa do escrivão Gabriel Vidigal, que aceitou implantar o equipamento criado pelo físico Mário Gazziro, professor do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação (ICMC) da USP.
O aparelho, um pouco maior que um grão de arroz, será implantado a partir de uma pequena cirurgia. Na arma usada pelo policial – uma pistola modelo 889 – será colocado um receptor que recolhe os dados e impede que a trava de segurança seja liberada caso outra pessoa tente fazer os disparos. O equipamento tem o número de identificação e conta ainda com uma bobina e um dispositivo que proporciona a conferência das informações contidas no chip através do sistema de radiofrequência.
Esse é o primeiro teste do tipo do Brasil. “É algo tão simples que não sei como ninguém teve essa ideia antes”, brincou o físico, que também implantou um chip na mão, em agosto do ano passado, um mês depois do início da pesquisa. Os testes, feitos com uma arma de brinquedo, garantiram 100% de precisão, de acordo com Gazziro. “A eletrônica usada no projeto é a mesma de sistemas de aviões. É impossível a arma funcionar acionada por alguém que não tenha o chip implantado”.
Saiba mais…
Segundo o criador do projeto, que não irá patentear o projeto, possibilitando o uso em domínio público, o valor do dispositivo fica entre R$100,00 e R$250,00, uma pechincha se observarmos as possibilidades de prevenção de mortes que a invenção pode promover. Abaixo infográfico informativo publicado no Jornal O TEMPO com explicações sobre o funcionamento do dispositivo:
O Estado brasileiro deve ficar atento a este projeto, que pode mudar o paradigma do uso de armas no país – dentro e fora das polícias. Controle inteligente e proporcional à importância do problema.
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