Existem indícios de que a Polícia Militar da Bahia começa a se mobilizar em prol de uma reivindicação salarial. Dois sinais confirmam tais suspeitas: primeiro, a Associação dos Oficiais da PMBA (Força Invicta) emitiu uma nota em seu site cobrando do Governo do Estado incremento salarial, após a promessa da Secretaria de Segurança Pública de criar uma premiação a ser concedida pelos policiais que atingirem metas de redução de crimes:
Com relação à matéria publicada na edição do dia 08 do corrente mês, sob o título “Polícia boa será premiada com 14º salário em 2012″, a Associação dos Oficiais da Polícia Militar, apesar de concordar com a assertiva atribuída ao Exmº Sr Cel PM Castro, Comandante Geral da PMBA, de que a valorização do homem não parte somente com o dinheiro, evidencia que o profissional de segurança pública precisa ter uma remuneração digna para desempenhar as sua atividades com um maior comprometimento e não apenas uma promessa de uma premiação para se atingir metas estabelecidas pela SSP como se a redução dos índices criminais estivesse apenas ligada ao esforço do contigente policial que, por sinal, já está no limite do ser humano.
Aliado a isso, precisamos que o atual Governo da Bahia, que chegou ao poder com o apoio maciço dos servidores públicos, inclusive dos militares estaduais, demonstre – ainda em 2011 – a tão falada valorização para com a nossa classe que, diuturnamente, trabalha em prol da sociedade baiana, com o risco da sua própria vida.
Leia a nota no site da AOPM-BA…
Outro indício da mobilização é a convocação, pela Associação de Praças (ASPRA), de uma assembleia a ocorrer no próximo dia 24 de setembro, às 14h00, no Ginásio dos Bancários, em Salvador-BA. Segundo os organizadores do evento, que já possui blog e é chamado de “Movimento Polícia Legal”, os seguintes temas serão debatidos na oportunidade: Cumprimento da Lei de Anistia, Salário em forma de Subsídio (já com reajuste), Plano de Carreira (Praças e Oficiais), Implantação do Código de Ética.
As manifestações e mobilizações são pertinentes? Sem dúvida. Os policiais militares da Bahia não ganham um salário justo, correspondente com a função que desempenham, proporcional às necessidades elementares que um policial não pode deixar de suprir, principalmente moradia em localidade menos vulnerável ao crime, transporte próprio e sustentável para se dirigir ao trabalho ou a suas atividades não profissionais. Cuidados com a saúde física e psicológica, exigência imposta pelo serviço estressante e desgastante. Lazer, educação para os filhos, saúde, alimentação. A profissão policial, além disto, mais que qualquer outra, deve ser reconhecida por um elemento chave: a exposição ao risco de morte. Se a vida não tem preço, vale, pelo menos, conceder a quem a expõe voluntariamente a uma causa coletiva os elementos básicos de sobrevivência. É o mínimo a se exigir.
Para além dos programas que geram popularidade imediata, e até esperança de melhoria a curto e médio prazo na população, através de slogans, cores e propagandas, é preciso admitir que reconhecer o trabalho dos policiais, principalmente e primeiramente com uma política salarial adequada, possui efeitos imediatos no acatamento e atenção a preocupações profissionais mais sofisticadas. Como disse a humilde e célebre professora Amanda Gurgel, dizer que “não podemos ser imediatistas” a um grupo que possui “necessidades imediatas” é um contrasenso. É rechaçar o fundamento básico de toda gestão de pessoas, a batida e conhecida pirâmide das necessidades de Maslow:
Em poucas palavras, a solução das complexidades exigem a solução do simples primeiramente. Os policiais militares baianos têm o direito de exigir reconhecimento e valorização, como sugerem as entidades já citadas. Para resultados efetivos, entretanto, tais manifestações não podem se resumir à minoria, pois o silêncio pode ser confundido com satisfação e normalidade. Outras lideranças devem interagir com essas vozes aparentemente isoladas, e cobrar do governo diálogo e atenção. Como afirma o senso comum, “quem não chora, não mama”.
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