fonte: eduardo abril
Desabafo de um militar do Estado do Sergipe
Sou Sgt PM tenho 21 anos de serviço e trabalho no interior de nosso Estado.Obrigado pela atenção e viva a liberdade!!!
Estamos nos tornando escravos conformados. Ninguém reclama; e também reclamar para quem, já que o direito trabalhista não existe para nós, quanto mais uma Justiça do Trabalho...
Refiro-me a escravidão, pois não é só em destacamento que o militar sente que estão tirando sua vida. Eu sou sargento e uma grande indignação que tenho é quanto aos encargos, ou melhor, sobrecargos. Nós subtenentes e sargentos estamos nos tornando escravos conformados, passivos. Ora, temos que nos unir para acabar também com esse absurdo.
Não pensem, senhores e superiores, que é somente eu que estou reclamando. Não, negativo. Essa é uma reclamação que ouço frequentemente de muitos sargentos,Cabos e Soldados, mas essas queixas não têm para quem ser direcionadas. Vamos reclamar para quem? Para o senhor comandante? Será que Sua Senhoria vai atender nossos apelos, ou será que vai rir de nossa cara...?
Ontem, um sargento me disse, durante uma conversa, uma coisa muito interessante. Ele falou que tinha vontade de dizer o seguinte para o superior: "Superior, se o senhor quer tirar a sua vida, ok. Mas, por favor, não tire a minha". Ao termo vida, ele se referia às outras vidas além da profissional, como e principalmente à vida familiar.
Existem superiores que se dedicam 24 horas à polícia e querem que seus subordinados façam o mesmo e, ainda por cima, consideram isso totalmente normal. Então, eu faço minhas as palavras do companheiro. Superior, se o senhor quer tirar a sua vida, ok. Mas, por favor, não tire a minha. Não tire a minha, pois minha filhinha está para nascer e eu quero curti-la muito.
Superior, após sair do serviço, eu não quero nem me lembrar da farda, então, por favor, não me incomode. Superior, quando eu estiver na minha casa, não quero nem pensar em prazos de sindicâncias, não quero ler procedimentos administrativos nos quais vou ter que dar parecer, não quero usar meu computador pessoal para fazer o relatório final , muito menos usar meu telefone particular para tentar contactar testemunhas que devam ser ouvidas em procedimentos sumários.
Superior, quando eu não estiver no quartel ou numa viatura, eu quero estudar, ler meus volumosos livros de programação, ou meus agradáveis livros literários, ou simplesmente ficar em paz com minha família, conversando com minha esposa ou brincando com minha filhinha que está por vir. Superior, eu só quero viver!!
Não sei se vocês estão percebendo o tamanho do absurdo, mas como dito, estou falando em ficar preso numa cidade nos dias de folga, não estou falando no horário de serviço, não, não é isso. É nos dias de folga mesmo, por isso é que eu não respeitava, pois não sou ESCRAVO. Sou um profissional, um trabalhador. Ou o policial não é um trabalhador? Será que o policial militar vive num regime de exceção?
Para finalizar esse desabafo, gostaria de solicitar ao representante político de nossa classe no Estado de Sergipe, eleito com nossos votos e de nossos familiares, o Deputado Capitão Samuel, que resolva a nossa situação, porquanto, infelizmente, foge da capacidade de um blog criar alguma lei que possa estipular uma jornada máxima nas instituições militares estaduais. Enquanto não existir esse contrapeso legal aos absurdos institucionais, só tenho a dizer a ele que se adapte ao regime de escravidão, pois, realmente, na legislação em vigor, só existe uma carga horária mínima.
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