fonte: diário da amazônia
Duas mortes e diversos assaltos marcaram a segunda-feira em Ariquemes, no segundo dia do aquartelamento dos Policiais Militares. Uma das vítimas é um homem suspeito de ser autor de diversos crimes na cidade. Ele teria morrido em troca de tiros com Policiais Civis. O suposto criminoso não foi identificado até o fechamento da edição do Diário da Amazônia.
Mas foi a morte do cabeleireiro Antônio José da Silva, 35 anos, que deixou a população em pânico. O assassinato ocorreu por volta das 18h, quando pelo menos dois criminosos assaltaram uma relojoaria na Alameda Piquiá, no centro de Ariquemes.
Testemunhas informaram que Antônio foi atingido na cabeça por um disparo de fuzil, durante a fuga dos bandidos. A vítima teria se assustado com os tiros, que eram efetuados para o alto, e ao sair do estabelecimento foi alvejado.
Além das mortes, assaltos a estabelecimentos comerciais também foram registrados. Os poucos Policiais Civis que estavam de plantão não conseguiram atender às solicitações que chegavam à central de polícia.
Á noite, a tensão ficou ainda maior com os roubos a residências e a pedestres, o que acabou causando uma onda de boatos, que ganhou repercussão e fez com que instituições de ensino superior suspendessem as aulas e estabelecimentos comerciais fechassem as portas.
A onda de crimes forçou uma reunião de extraordinária da Associação Comercial e Industrial de Ariquemes (ACIA) em conjunto com a Câmara de Vereadores. As duas instituições encaminharam ao Governo do Estado um “pedido de providências”. “A nossa população está refém, dentro de suas casas”, disparou o presidente da ACIA, Jonas Perutti.
Ainda na noite de ontem, em resposta aos ataques, a Sesdec anunciou o envio de 25 agentes da Força Nacional de Segurança, em cinco viaturas, para fazer o patrulhamento da cidade, enquanto durar o aquartelamento dos Policiais Militares.
SUPREMO PROÍBE GREVE
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem vedar o movimento grevista e manter em atividade normal todo o efetivo da Polícia Militar (PM), proibindo atos que contrariem a deliberação. A decisão tem como base o fato de que certas categorias de serviço público são privadas do exercício de greve em razão de sua essencialidade e objetivando a preservação do bem comum como é o caso do policiamento.
O Supremo requereu ainda a proibição de utilização de meios atentatórios ao Patrimônio Público, como esvaziamento de pneus de viaturas e aglomeração na entrada dos batalhões impedindo a execução das atividades policiais, como a troca de plantões e saída de viaturas, sob pena de multa diária em valor superior a R$ 100 mil até o julgamento final nesta semana.
No dia 16 de novembro, a comissão de esposas dos policiais militares realizou protestos reivindicando reajustes salariais de 44% para os militares e anistia administrativa. Com a proposta de 12,6% o governo afirmou chegar ao limite das negociações. Como a negociação não atendeu ao pedido das categorias, no sábado as esposas dos PMs de todo o Estado, com apoio da Associação de Familiares de Policiais Militares (Assfapom) fecharam os quartéis.
A paralisação dos policiais e bombeiros militares atingia ontem 30% do efetivo em Porto Velho, sendo que o número maior apresenta os policiais lotados nos municípios de Ariquemes e Buritis.
Para o secretário de Estado da Segurança Pública, Marcelo Bessa, o movimento grevista é irreal, desde o pedido de reajuste de 44%. “Isso elevaria o soldo do PM para mais de R$ 5 mil, isto é salário que nem a polícia de Brasília, que é paga pelo governo Federal tem’’.
ÍNDICES DE CRIMINALIDADE AUMENTAM EM DOIS DIAS
Ainda na manhã de ontem o secretário Marcelo Bessa convocou o Gabinete de Gestão Integrada (CGI), que agrega representantes do governo, para estabelecer estratégias com vistas a manter o policiamento na Capital, onde em virtude da problemática os índices de criminalidade aumentaram em dois dias. O secretário pediu apoio à Secretaria Nacional de Segurança Pública e ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República para mandarem a equipe da Força Nacional e do Exército. Foram liberados cerca de 250 policiais da Força Nacional, desses 35 já se encontram em Porto Velho. Foi solicitado também o apoio de mais de 500 militares do Exército.
Para a presidente Márcia Aparecida, da Associação de Esposas, Pensionistas e Familiares de Policiais Militares e Bombeiros Militares (Assesfam), a Força Nacional não intimida a comissão. “Somos cidadãs e queremos nossos direitos. Não queremos colocar força contra força” argumentou. Para a comissão das esposas, a negociação deve ser de forma democrática e aberta para todos, com maior transparência. “Só aceitaremos conversar se for na frente do batalhão, nada de reuniões fechadas” afirmaram as esposas dos PMs.
Aproveitando a greve dos policiais e bombeiros militares, os policiais civis anunciam que também paralisam hoje para reivindicar ajustes salariais. De acordo com um delegado de polícia, que não quis se identificar, hoje a corporação da Polícia Civil se manifesta em frente ao Palácio do Governo. A paralisação permanecerá por 24h sendo que serão mantidos 30% do efetivo no serviço.
EM ARIQUEMES, MULHERES PROTESTAM EM FRENTE À PM
O protesto por melhores salários para policiais e bombeiros militares de Rondônia foi deflagrado em Ariquemes, na madrugada do domingo. A manifestação é coordenada pelas esposas dos militares, para proteger os maridos de possíveis punições, uma vez que a categoria é impedida constitucionalmente de fazer greve.
Para manter os esposos aquartelados, o grupo tem escala de revezamento durante todo o dia. Na primeira noite que passaram em frente ao sétimo batalhão da Polícia Militar, algumas mulheres dormiram dentro de barracas de camping, para impedir a saída dos policiais.
Outra estratégia das mulheres foi esvaziar os pneus de todas as viaturas. “A gente está lutando pelos nossos maridos”, explica uma manifestante que preferiu não se identificar.
Para Ana Paula Ferreira, que também é esposa de policial militar, o protesto só vai terminar quando o Governo do Estado mostrar como vai repor as perdas salariais da categoria nos últimos anos. “O salário dos nossos maridos vem diminuindo cada ano que passa e essa situação está ficando insustentável. Sabemos que essa é uma medida extrema, mas foi necessária para mostrar a nossa indignação”, argumenta.
Ana Paula explica que a mobilização também tem o objetivo de sensibilizar a população para as reivindicações dos policiais. “Sem a segurança e sem os policiais não dá, a população fica desprotegida e sabemos que isso é bastante prejudicial”, afirma.
Nas primeiras 24 horas do aquartelamento dos policiais, poucos crimes foram registrados no município, no caso de acidentes de trânsito quem atuou foi a Guarda Municipal. Na delegacia de Polícia Civil do município, o movimento também foi tranquilo.
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