14 de jun. de 2011

BOPE: UMA OUTRA POLÍCIA?

fonte: danillo ferreira


A atuação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) do Rio de Janeiro na invasão dos bombeiros ao Quartel Central do CBMERJ levou à opinião pública a discussão de certa dicotomia existente entre os policiais militares “convencionais” e os “especializados”, no caso específico do célebre e festejado BOPE, da PMERJ. Com treinamento, uniforme, remuneração, missão e cultura diferenciadas, o que justifica considerar os convencionais e os especiais uma mesma polícia?

Quanto mais as polícias formam grupamentos com missões específicas, algo necessário e inevitável, mais a competitividade que faz parte de todo e qualquer traço da trajetória capitalista se aprofunda. As unidades especializadas operacionais repressivas, por exemplo, como o BOPE (PMERJ), a ROTA (PMESP), a RONE (PMPR) e outras célebres em cada estado do país, glamurizadas como as SWAT’s norte-americanas, são vistas como “queridinhas” nas corporações, apesar de boa parte dos policiais se dedicarem a seguir padrões estéticos e simbólicos próprios destas unidades. Os convencionais vêem os especializados como arrogantes e metidos.

Já os especializados, criticam a maneira a-técnica e desleixada que muitas vezes os policiais ordinários atuam. A corrupção, dizem os mitos cinematográficos, não é coisa de especializado, mas algo presente no dia-a-dia daqueles que estão infiltrados na comunidade, e que não vivem a rotina de treinamento e de operações de alto risco. “Ser polícia”, segundo este raciocínio, é viver trocas de tiro, fazer incursões, invadir presídios, desarmar bombas, negociar a libertação de reféns.

As incompreensões e divergências são notáveis, mas o grupo “de preto” sai ganhando na visibilidade e admiração, pois são “eles” os enaltecidos pela mídia e pela opinião pública. São eles os especializados, enquanto os demais, tidos como generalistas e indefinidamente “ordinários” não possuem o mesmo quinhão de notabilidade.

Não seria mais adequado que estas neopolícias de gênese bopeana estivessem separadas das polícias “convencionais”? Será que confundir a missão cotidiana do policial, que precisa atuar negociadamente com a comunidade, com o trabalho de alto risco repressivo não seria um equívoco? Quais as consequências desta ambivalência, em que há algumas unidades policiais com traços culturais e simbólicos definidos e outras anômicas? As especializações repressiva e preventiva não justificaria uma divisão para que cada vertente enaltecesse e fomentasse suas práticas internamente, inclusive no que se à formação?

Esses imbróglios corporativos são pantanosos e polêmicos, sempre geram muitos ferimentos no amor-próprio das partes envolvidas. Este texto é apenas um convite à reflexão, baseado numa certeza: a divisão existe, e intuitivamente podemos dizer que ela não está sendo encarada como mera especialização de atividades profissionais. O abismo é muito mais profundo do que os discursos apaziguadores pretendem colocar.

2 comentários:

  1. A DIFERENÇA ENTRE OS HOMI DE PRETO E OS NORMAIS É QUE ...OS DE PRETO SÃO LEAIS AO SEU COMANDO E NÃO TEM PENSAMENTO PRÓPRIO...QUANTO AOS NORMAIS, CONVIVEM COM A SOCIEDADE OU SEJA MANTEM O CALDEIRÃO SOB CONTROLE

    ResponderExcluir
  2. a verdade que os de preto se acham melhor que todos, e na verdade são uns bundão, pq acabaram com as rone no interior, por capricho e vontade dos do choque, que tinha medo que fossemos melhores que eles

    ResponderExcluir

As regras dos comentários são as seguintes:

- Serão rejeitados textos com linguagem ofensiva ou obscena, com palavras de baixo calão, com acusações sem provas, com preconceitos de qualquer ordem, que promovam a violência ou que estejam em desacordo com a legislação nacional;

- O comentário precisa ter relação com a postagem;

- Os comentários são de exclusiva responsabilidade dos respectivos autores e não refletem a opinião deste blog.


* Os comentários são liberados da moderação, com um prazo de 24 horas, os administradores do blogger exercem outros trabalhos e não possuem tempo integral de dedicação ao blogger, desculpem mas só assim é possível.

Aos chorões que acham que temos algo contra a Policia Civil ou determinada OPM, nós só publicamos o que está na mídia com fonte e tudo, não inventamos matérias e não é nossa intenção colocar uma instituição contra a outra, então antes de mandar comentários denegrindo os administradores do Blog, verefique a fonte no final da matéria.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...