Como explicar a um policial que tem o direito de voto que, no caso dele reivindicar algo junto ao político que elegeu, será preso por isso?
Esta é uma das perguntas inevitáveis frente à seguinte situação na Polícia Militar do Amazonas, onde o Comando Geral, cargo de confiança do Governo do Estado, determinou a prisão de 20 policiais que se reuniram com um deputado para reivindicar promoções.
Isto ocorre no mesmo país em que se cobra “respeito à cidadania” pelos policiais. Pode?
“Eles foram ingratos, infiéis. Traíram os princípios de disciplina pregados pela instituição militar”. Essa é a justificativa do comandante da Polícia Militar do Amazonas, coronel Almir David, para a prisão de mais de 20 soldados da PM durante a noite dessa terça-feira (11).
Os novos policiais foram presos depois de 250 deles terem se reunido com deputados da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), na manhã de terça, para solicitarem intermediação dos parlamentares da Casa na liberação da promoção dos 1.800 novos PM’s admitidos pelo Estado através de concurso público em 2011.
Eles foram presos em flagrante com base nos artigos 161 e 166 do Código Penal Militar, acusados de participar de movimento contra superiores e criticar publicamente ato de seu superior e assunto voltado para disciplina militar ou resolução do Governo sem licença. A pena vai de dois meses a dois anos de prisão.
Entre os presos estão Thiago dos Santos Pinheiro, 25, lotado na 23ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), e Platiny Soares, 20, que serve na da 5ª Cicom.
De acordo com Almir David, os policiais foram presos após uma avaliação da situação e verificação da existência de crimes militares. “Planejaram em uma reunião e foram para a Assembleia falar mal da instituição e do Estado. Vão ser responsabilizados de acordo com cada situação, quem planejou e outros que apenas participaram. Todos serão recolhidos para o Comando e conversaremos individualmente. Eles terão ampla defesa com advogados”, disse.
Questionado sobre a legitimidade da causa defendida pelos policiais, que em sua maioria integram o programa chefe da segurança pública do Estado – Ronda no Bairro – o comandante da tropa explicou que “os novos policiais estavam cientes da situação enfrentada pela PM e do processo para a promoção. Os processos precisam ser avaliados pela Casa Civil, pela Secretaria de Estado de Administração (Sead) e isso demanda tempo. Acho que houve uma falta de controle dos PM’s”, afirmou Almir David.
fonte: danillo ferreira, uol
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